2011/07/21

Não há uma política para os jovens

 As restrições de entrada de menores de 16 anos em bares poderá levar a que os jovens evitem o contacto com ambientes “impróprios” e com pessoas que eventualmente consumam drogas. Contudo, é  necessário polir outras ferramentas de combate à toxicodependência, como infra-estruturas para os mais novos. Em Portugal, não “há uma política para os jovens”, lamento e  critico a falta de estratégia do Governo e alerta para a importância de olhar também para os que estão a tentar a cura. Em que medida a proibição de entrada de jovens menores de 16 anos em bares a partir das 22h ou envergando uniforme - contemplada na proposta para rever a regulação das actividades dos bares restaurantes e hotéis - pode contribuir para diminuir a toxicodependência juvenil quando a tendência é para o consumo em casa ou em casa dos amigos. Uma lei poderá permitir apenas deixar de existir uma certa promiscuidade, eventualmente irá também impedir a presença de menores em certos sítios que já frequentam ou reduzir a tendência de consumo, se depois os estabelecimentos controlarem as entradas.
 Poderá ajudar a que o jovem tenha menos contacto visual com o que esteja a acontecer de irregular dentro dos estabelecimentos e deixe também de haver um contacto com algumas pessoas que consomem dentro desses locais, mas não é tudo.
Nem sequer vai acabar com o consumo de drogas entre os jovens. Não se pode ir a casa das pessoas para travar essa tendência, inclusive, esta lei [uma nova lei] até poderá fazer com que os jovens se fechem mais em casa, o que torna mais difícil ter-se conhecimento do problema. Mas, sabemos que estas coisas estão a acontecer, portanto dentro dos estabelecimentos temos de fazer alguma coisa para as evitar. Mas faltava uma base legal.  É uma medida que poderá ser favorável, para evitar a tendência de jovens cada vez mais novos frequentarem estes locais. Sim, porque há jovens com 12 e 13 anos a frequentar vários bares e convivem com pessoas de 20 e 30 anos e acabam por estar em ambientes impróprios e alguma coisa tinha de ser feita. Há a lei para os casinos, para os cafés, mas ninguém impedia um jovem menor de idade de entrar numa discoteca. Por outro lado, os jovens também se podem fechar mais e aumentar o consumo, como disse. Que outras medidas terão de complementar esta para que haja uma certa eficácia.
 À família compete um papel importante, tendo a obrigação de saber com quem está o seu filho, sendo menor certificar-se se está algum adulto a tomar conta dele, verificar se diz onde foi. Não nos podemos apenas cingir à lei e deixar de tentar outras soluções. Aliás os pais são fundamentais na prevenção, não só da droga, mas também de outros comportamentos de risco.
Os resultados apontam também que houve até uma diminuição do consumo entre os jovens, mas por outro lado também aumentou o consumo de drogas sintéticas. São números muito distantes da realidade. São números que correspondem à realidade dos que foram registados. Agora, é óbvio que existe outra percentagem de jovens consumidores que não procuraram ajuda ou não foram encontrados pela polícia. Mas nós sabemos que os números estão a subir entre os mais jovens, e tal deve-se a muitas razões. Infelizmente em Portugal ainda não há uma política para os jovens, há falta de infra-estruturas, o que faz com que não tenham para onde ir.  Num momento que se fala tanto em prevenção e se está a trabalhar na construção de legislação, há esta falha por parte do Governo. Não está a trabalhar de perto com as associações de moradores, para construir estas estruturas. Existe preocupação por parte do Governo de apoiar as associações, principalmente as que estão a trabalhar para bem dos moradores. Se formos ao Boletim Oficial vemos que recebem o dinheiro, para trabalhar na área da prevenção. Se calhar, seria bom perguntar o que andam a fazer, porque é a essas associações, com equipas de rua em que trabalham muitas pessoas, que compete desenvolver trabalho de prevenção. Não somos nós os cerca de 40.000. pessoas há vir em Marvila que podemos fazer muita coisa. Não quero estar a criticar as outras associações, mas acho que devia haver uma estratégia delineada pelo Governo e não acontecer atingir os interesses que essas associações têm.Mas, no fundo, o que está também a falhar é o próprio Governo não investir em infra-estruturas para que os jovens possam gastar as suas energias.
 É uma urgência pouco há, por exemplo, na zona...
Onde os jovens possam jogar, fazer skate... ou o próprio Hóquei em Patins em Marvila, que se está a desenvolver, e a que o Governo não tem vindo a dar apoio. Se calhar acha que todos têm de seguir a carreira do faz de conta. A comunidade desta freguesia  é diferente.
  No sentido da prevenção era um espaço onde os jovens entre os 10 e os 20 podem encontrar actividades. O balanço. É Positivo.
 Sendo a família um pilar muito forte na prevenção, também e preciso apoio psicológico para as famílias.
Ainda há falta de abertura para lidar com estas problemáticas? Há também uma falta de promo-ção, temos de promover mais esta Freguesia.
Não há um plano definido?  Neste momento falta compreender que o tratamento também é importante. É preciso apostar no campo da prevenção para evitar que a problemática aumente, claro, mas as pessoas que estão em tratamento também merecem qualidade, por isso é preciso investir para que possamos ter pessoal qualificado e recursos humanos suficientes em todas as áreas.
Neste momento somos uma associação que  está a receber menos em relação às outras. Provavelmente, se dizermos que a partir de agora não ajudamos pessoas com problemas com heroína, mas apenas os jovens até passamos a receber mais. Neste momento, esta é uma das injustiças que está.


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